A viagem comeca como nao poderia deixar de comecar uma viagem da Gi. Procuro o portao 33 e deparo-me com duas setas, em sentido opostos, uma do 1 ao 32 e outra do 34 ao 59. Se juntarmos â minha tendência natural para ser um pouco, vá, distraida, a ansiedade e duas noites de apenas 3 horas de sono, talvez se perceba o porquê de ter andado 10 minutos, qual barata tonta, à procura do portao 33. Para perceber entretanto que era literalmente no meio. Sim, mesmo em frente às escadas rolantes. Sim, aquelas por onde desci até ao terminal. Sim, onde estava quando li as setas. Paremos de rir e concentremo-nos em reter apenas os efeitos nefastos de muito poucas horas de sono.
Na fila para embarcar tento por meio de todas as ilusoes opticas de que me consigo recordar, encontrar uma forma de mingar a minha mochila, que foi intitulada de "grande demais". Lentes de aumento em olhos que vêm demais é o que eu digo. Porque aos meus olhos miopes continuava a ser pequena demais.
Para dar um ar ainda mais descontraido seguro-a apenas por uma alca (afinal de contas está tao leve), enquanto rezo por tudo para que a alca nao rebente. Resultado? Nem olharam...
Rumo agora a Frankfurt numa viagem que passou literalmente num piscar de olhos, apenas interrompido por uma duvidosa sandes de (duvido que era)frango.
Acabada de aterrar, mas nao ainda de acordar, disparo qual cavalo de corrida, enquanto luto com dois olhos colados que teimam em nao abrir, na busca do terminal B60. Após 20 minutos de corrida ofegante (para muitos, mas um passinho de formiga para uma atleta como eu) abro finalmente os olhos (afinal tèm razao quando dizem que quando pomos a lingua de fora abrimos os olhos). Sorriso confiante abalado apenas pelo pormenorzinho de nao ter a minha autorizacao ESTA (Què?!?! Foi tal e qual o que pensei). Diz que Porto Rico é solo Americano e como tal assim nao posso embarcar. Um telefonema ansioso depois e uma dose extra de paciencia do outro lado da linha (Love you), acalmo ao som da música "Authorization granted". "San Juan here I go!".
Num imenso aviao semi-vazio comeco a babar para os bancos centrais de 3 filas, a imaginar o meu leito na próximas 10 horas e 50 minutos. Ainda estou a escolher quando entra a segunda remessa de passageiros. "Afinal há mais!!", penso eu (juntamente com uma série de palavras, nada más, que nao me recordo agora). O pânico instala-se. Trata-se nao de conseguir um banco de 3 assentos, mas em defender ferozmente o meu lugar e o lugar ao meu lado.
Autorizacao para "assambarcar" o banco do lado concedida. Agente de autorizacao? Uma portuguesa resmungona, com a perna comprida e muito sono. Missao? Dormir.
Próximo passo, passar a imigracao, levantar a mala, fazer check in, receber os dois ultimos cartoes de embarque e embarcar. Tempo para este piquenique? Uma hora. Possibilidade de ficar em terra? "Ai, ai, ai, ai, ai, ai, Puerto Rico...".
Em Porto Rico, apesar de nao ter tido tempo para pensar sequer, acabou por correr tudo incrivelmente bem. Entre o pânico de passarem mil malas e a minha ter sido extraviada (ou pelo menos é a sensacao que temos quando a nossa nao é das 10 primeiras), a corrida desenfreada pelo servico de imigracao e os "caezinhos fofinhos" que vinham cheirar o nosso perfume, consigo estar na porta de embarque 30 minutos antes. Claro que o facto de termos chegado uma hora mais cedo que o previsto foi um pouco, vá, crucial.
Passado todo o frenesim, rumo finalmente para a Cidade do Panamá. Preparo-me para dormir enquanto no ecra à minha frente se preparam para passar o filme "One Day". Duas horas depois, e com os olhos exaustos, rolam-me pela cara algumas lágrimas de cansaco, que, coincidentemente, concidem com o final (nada trágico) deste drama, que acabou por ganhar a luta ao meu tao desejado descanso.
No Panamá tudo corre normalmente e até estranho deslocar-me num aeroporto a andar. Entro no ultimo aviao deste capitulo e num fechar e abrir de olhos estava no meu destino final.
Chegada a Lima, passo o controlo de imigracao, levanto a mala, e mal saio deparo-me com a Ena aos saltos e a chamar-me. Um abraco depois conheco a Miranda, outra voluntária que veio fazer companhia à Ena. Dirigimo-nos para a porta do aeroporto. A porta abre-se, respiro pela primeira vez os ares do Perú e... dou a queda (chamar-lhe-ia mesmo tralho) mais espalhafatosa de que tenho memória.
Entrada triunfante, que é como quem diz: "Peruuuuuuuú, cheguei!!!".
Ao dizer prazer, será um insulto para descrever o seguir/acompanhar este blog! Acredita. ; )
ResponderEliminarEstou a adorar!
Puxa filhotita...
ResponderEliminarApoiamos-te sempre...
Dissemos-te que devias seguir em frente...
Mas não precisavas atirar-te assim de cabeça...
Sê igual a ti própria...
Bijokitas
Cristina