Enquanto disfrutava do meu último Panaché no Pinguim (nos próximos meses, entenda-se), um misto de ansiedade, inquietude e medo apoderou-se de mim. Uma parte de mim nao conseguia deixar de pensar: - "Mas o que é que te passou pela cabeca?!". Estava ali no "meu quentinho", rodeada de pessoas que amo e ia abandonar tudo aquilo porquê, para quê? Naquele momento sentia a resposta bem dentro de mim, onde sempre esteve, onde sempre fez sentido. No entanto, o aperto no peito, o nó na garganta e o estômago às voltas distorciam a minha capacidade de pensar ou sentir algo mais que muitas, muitas saudades.
Senti-me, literalmente, num daqueles momentos em que saìmos de dentro de nós (nao, nao estou a falar em alucinogènicos) e ficamos de sorriso pateta (repito nao estou a falar de droga) e lágrima no canto do olho. Tentamos absorver o máximo das pessoas que amamos. Aqueles momentos em que até aqueles tiques ou posturas que normalmente nos irritam ou com os quais brincamos servem para nos roubar um longo suspiro e apertar ainda mais o coracao. Como se nao conhecessemos já cada gesto, cada linha do rosto, cada olhar, daqueles que amamos. Nao queremos brinda-los, queremos sorve-los e traze-los connosco. Tentativa inconsciente e irracional de os tatuarmos em nós. Como se ainda fosse preciso, como se nao o estivessem já há muito.
A chegada ao aeroporto foi intensa porque só me deram dois cartoes de embarque e disseram que, em principio, me dariam os outros em Frankfurt. Após um momento de catarse emocional com a senhora do Check In percebo que a minha ansiedade comecava a afectar substancialmente quem estava comigo. Respiro fundo. Nao acalmo. Fumo um cigarro. Respiro fundo outra vez. Limpo as lágrimas. Agora sim, estou pronta para fazer aquele sorriso confiante. Daqueles que ainda que só convencendo quem me conhece há um dia, é suficiente para quem está comigo fazer de conta que acredita que estou calma. Ao ponto de retribuirem sorrisos igualmente plenos de (in)seguranca.
Lágrimas, abracos apertados, 500 recomendacoes de juizo e um ultimo olhar prolongado, daqueles em que o tempo pára por uns segundos. Fotografo a imagem e tatuo-a em mim. Respiro fundo e nao olho mais para trás. Mostro o passaporte, passo a seguranca e penso "É agora Gi, este é o ponto de nao retorno...". Verto uma última lágrima e sinto-me inundada por uma emocao avassaladora. Felicidade, embrulhada numa sensacao de realizacao pessoal como nunca havia sentido.
Agora sim, o nevoeiro dispersou e encontro, onde sempre esteve, de onde nunca saiu, a resposta para as minha (in)certezas. Vou realizar um dos sonhos da minha vida. Vou-me perder algures pela América do Sul para me (re)encontrar.
1º! Já estou a acompanhar:D
ResponderEliminarestou ansiosa para ler os proximos capitulos ;)
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarVai ser um privilegio seguir este blog!! :)
ResponderEliminarObrigada pelo vosso apoio e pela vossa força!!! É Mt importante para mim!! Obrigada! :)) beijinhos grandes
ResponderEliminarTambém já estou... E a adorar! ; )
EliminarEstou do lado de cá a absorver a aventura! Atenção com o que escreves, que eu tenho lágrima fácil!!!
ResponderEliminarBjinhos e boa experiência!
Marina (amiga da mamãzinha!!!)
Também tu estás tatuada em todos nós...
ResponderEliminarTambém eu no Pinguim te observei discretamente o tempo todo...não que quisesse gravar a tua imagem...essa está gravada há quase 30 anos...Queria sim aproveitar aqueles momentos, pois só daqui a muitos meses (que vão parecer uma eternidade) se poderão repetir...Concretiza o teu sonho de sempre...tenho a certeza que ao fazê-lo vais ajudar muita criança a concretizar os seus...
Com muita saudade envolta numa camada de orgulho...
Mamãe